segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

AUSÊNCIA


Lá no fundo do oceano do coração mora um lugar que nem as águas podem atingir, nem os ventos, nem os tempos, nem o medo, nem a valentia, nem coragem, nem covardia. Lá mora um lugar inabitável por coisa alguma a não ser por mim mesmo. Lá mora uma ausência minha, mora eu mesmo. Presente na ausência que me habita. Nem um sorriso pode completar, nem abraço pode envolver, nem um beijo pode encantar... Eterna ausência, sentimento eterno, saudade da eternidade, saudades de mim.

Lá mora uma lembrança do que ainda não conheci, mora um lugar que ainda não habitei, mora uma vida que ainda não vivi... Lembrança, lugar, vida que de alguma forma já experimentei...

Ainda me lembro mas não sei do que.

Ausência de mim... Lá bem no fundo do oceano do meu coração.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

FILHOS DA RELIGIÃO


Sim... O que se tem formado na igreja evangélica, ou mesmo, nas "religiões das aparências" é isso, gente morta com a aparência de que estão vivas, "filhos da religião", da presunção de estarem por sí mesmos fazendo o caminho em reconciliação com o pai baseando-se em "performances" morais do tipo "não toco, não provo, não manuseio", coisas, que como Paulo diz, tem "aparência" de sabedoria mas é falsa humildade, possui severidade para com o corpo mas não tem poder nenhum para refrear os impulsos da carne. Leia você mesmo se não crê no que digo:

(Colossenses 2) 20 Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: 21 Não toques, não proves, não manuseies? 22 As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; 23 As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.

"Filhos da religião" são esses que dizem por sí mesmo produzirem Vida que é um prerrogativa divina e não humana, dizendo-se por sí mesmo serem da Verdade, mas a verdade é que esses adoram com os lábios, como disse Cristo, mas seus corações estão longe Dele. Esses se baseiam em "performances" como já disse, são só comportametalismo, mudam de atitudes, mudam de costumes, não fazem mais isso, não fazem mais aquilo, não tocam aquilo outro, mas seus corações estão cheio de morte. Os "filhos da religião" são filhos da repressão dos desejos e impulsos da carne, mas não são filhos da tranformação que acontece no coração. Produzem em sí mesmos o "rótulo" do ser transformado, mas estão cheios de imudícia. Esses, agradecem a Deus por não ser como os outros que são pecadores; esses querem saber porque Cristo se assenta na roda dos escarnecedores e come e bebe (bebida alcóolica) com eles; esses querem saber porque Cristo comunga com pecadores; esses se reconciliam com a arrogância e soberba humana não com Deus, pois, a recociliação com Deus se faz no caminho do coração em sã consciência de que fui por Ele reconciliado com Ele mesmo e que não tenho caminhos para construir seja como boas obras, ou boas atitudes, ou seja lá o que for; não tenho Vida pra manufaturar e dizer que Eu encontrei a vida, pois, não fui eu quem O escolhi mas Ele me escolheu; não digo Eu achei a Verdade, pois, fui por Ela achado e nisso me glorio, pois, de fato assim tenho a consciência de que "Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas". Sim, a "Salvação" do espírito que está morto em seus delitos e pecados é Dele; a "Transformação" do ser vem Dele. E tais coisas não tem nada a ver com "comportamentos", com a hipocrisia das "performances", pois, quem Nele está come, bebe e faz o que faz para glória Dele. O chão do Evangelho é muito mais profundo do que mero "superficialismo" de se dizer que foi transformado por Cristo porque não bebe, não fuma, não isso, não aquilo outro. O que nos faz diferente do mundo é o Amor, não essas coisas comportamentais. Sim. O Amor é que faz a diferença, é o que salga a terra e traz luz para o mundo, para que vejam através desse poder, que é o Amor e não o comportamentalismo, que Cristo de fato se manifestou. Esse é o Evangelho. Se for dito outra coisa que seja amaldiçoado o seu mensageiro, que seja um anjo ou apóstolo ou quem quer que seja que pregue outro "evangelho" que seja anátema. Pois o Evangelho é esse: Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, Ele está em Paz com todos.

Mas o que acontece é que esse espírito dos "filhos da religião" é forte. Como diz um amigo, "há público para essa ameaça". Eles querem porque querem dizer "Nós TEMOS o caminho, nós POSSUÍMOS a verdade, nós OBTEMOS O CAMINHO PARA A VIDA", e por aí vai. O "Nós" entre esses é o forte, é a arrogância, é a petulância e presunção da "árvore do conhecimento do bem e do mal". O que impressiona é a fraquesa e pobreza de espírito em que vivem, pois, são belos por fora, isso pra quem também tem olhos ruins para ver, pois, quem tem bom gosto nem chega a se impressionar com tal "beleza", mas, por dentro, são feios como a morte. Esses mantém o aparência, não se envolvem com os dito "impuros", isso porque não estão de acordo com o pacote comportamental que pregam e vivem, por isso são chamados "impuros"; não aceitam "estranhos" no meio deles; não se misturam; são a "elite" aristocrática da petulância; são a "classe alta" da santarrice-superficializada em contrapartida da "ralé" estigmatizada como "os impuros"; Deus não faz acepção de pessoas, os "filhos da religião" sim. Dizem "nós somos e eles não", "nós sabemos e eles não", "nós encontramos e eles não". Quem são os "Nós"? Quem são "Eles"? Sim. A diferença se mede pelo comportamento e pela performance assumida. Nada mais do que isso. Essa é a linha que faz a divisão. No entanto, continua-se a viver em inveja, contendas, facções, abusos, mentiras, jactâncias, desonestidade, arrogância, soberba, idolatria do "EU", avareza, e todo tipo de produção da "carne". Isso os "filhos da religião" não enxergam porque são coisas que não podem ser tratados com batons, nem com pós para a face do cara-de-pau, nem com roupinhas que vestem e escondem a vergonha, nem com jóias que mascaram a falta de entendimento, enfim, não enxergam porque precisam olhar para dentro para ver o "diabo" que os habita, isso os "filhos da religião" não querem ver. Querem apenas o espetáculo do circo, mas não querem se confrontarem diante do espelho e encarar a verdade perante o ser.
"Filhos da religião", deixem suas máscaras, mostrem as suas caras para que vejam quem vocês de fato são, do que são feitos. Pois o que é bom é mostrado à luz do dia, no entanto, se o que vocês fazem é mau, até dizê-lo é vergonhoso. Apareçam e mostrem seus rostos sem máscaras para serem curados de sí mesmos. Daí, Cristo dizer o que disse em Mateus 25.

O Evagelho não é isso. Não é performances, nem comportamentalismos. Não, de fato, não. O Evangelho é Espírito e Vida para o dia chamado "Hoje" enquanto se pode ter um pouco de paz e esperança no chão da existência. O Evagelho é saúde e para os ossos e vida para o coração. É O2 para os pulmões do ser. O Evagelho sim é Caminho, Verdade e Vida. É apaziguamento para o coração. É descanso e alívio de todas essas cargas de se manter a aparência para ser aceito em determinado grupo de supostos "fiéis". Sim, porque para ser Evangélico é preciso não ser "evangélico". É preciso desistir ou des-insistir de toda a arrogância de ser, de todo "orgulho espiritual". O Espírito de Cristo não é assim. Ele serve a todo o momento, tem os braços abertos para a inclusão, não diz "quem é" e "quem não é", não julga pela aparência nem se comove com tais coisas, nem comunga com tal hipocrisia. Conhecer o Amor de Cristo é a salvação de toda a existência de qualquer ser-humano, ou pelo menos dos que desejam ser humanos.

Sim. Há um ministéiro para o qual todos nós fomos chamados, a saber: A misericórdia. Arrependam e busquem saber o que é isso.

Nele, que diz: Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. Mateus 9:13 Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. Mateus 12:7.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

ALMA BURRA


Quem olha para o mundo e faz percorrer sobre ele sua alma, sabe muito bem que algo deve estar errado, ou ao menos, tem que estar errado. Conversas estranhas onde ninguém diz coisas alguma, apenas futilidades. Bricadeiras idiotas de onde se traz muita gargalhada, mas pouca, ou mesmo, nenhuma alegria. Amigos que deveriam ser chamados de qualquer outra coisa, menos "Amigo". Convites ao prazer momentâneo e inútil para lugares feito "matadores" de onde se abatade a alma. Pessoas subindo no palco ilusório do "reconhecimento" em detrimento dos outros, e isso, em todos os âmbitos da vida, seja profissional ou em seus grupinhos de amizades. Desvalorização do amor e louvor à burrice existencial que não acontece na mente mas na alma. Almas burras. Homens que trazem des-esperança à quem quer que espere umA vida no mínimo digna de ser chamada "boa". Mulheres fúteis que comungam com às idiotices dos egocêntricos e superficiais "homens". Sim. Quem olha para a humanidade, como diz Drummond, "Alguns, achando bárbaro o espetáculo,prefeririam (os delicados) morrer". Isso porque, olhar para a vida e vê-la sendo negligenciada e desprezada como vem sendo é necessário clamar a morte como libertação de tal arrogância e ignorância humana, e como disse, essa burrice não está na mente mas na alma.

Sim! O que todos esperam é que chegue um dia onde as conversas sejam saudáveis e edificantes para quem quer que seja. Que os amigos sejam Amigos mesmo. Que a vida não seja um farça nas gargalhadas amarelas dos zombadores, mas que seja vida mesmo, plena em alegria e paz.

Fernado Pessoa, já sem esperança alguma, diria:

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

Eu, no entanto, espero em Deus que tais coisas sejam verdades em mim, ainda que diante de mim esteja tal vergonha e calamidade, tal burrice de espírito. Sim, peço apenas a Ele que não ande segundo tal espírito, e que diferentemente desses que amargam a terra, e ofuscam o caminho, que eu seja sal para dar sabor à terra e luz para que vejam que o caminhar pode se tornar leve e luminoso, em alegria e Paz.

Nele.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

ESPERANDO? O QUE?


Ei! Porque esperas encontrar no horizonte o infinito universo interior?
Porque esperas achar nos olhos da pessoa amada a beleza que há dentro de ti mesmo?
Porque esperas alcançar lugares-existencialmente-geográficos onde encontrarás felicidade?
Porque buscas fora o que só poderá ser encontrado dentro?

Não. Não caminho pela vida porque encontrei nela um motivo para caminhar, mas achei em mim um novo caminho e por ele caminho por onde for sem sair do lugar. Não olho para as belas montanhas e vales, flôres e árvores, terra e mares buscando neles uma essência que me traga vida, mas sobre eles lanço a vida que há nos olhos do meu coração não esperando encontrar neles o que já não há dentro de mim. Vou sem saber para onde, porque "onde" não importa, importa apenas que eu vá, pois, não há lugar ou lugares de e onde poderei dizer "cheguei ao meu destino!", de fato não. Não há destinos, há apenas o caminho da vida e na vida, isso, porque a vida se fez eterna e "destinos" são lugares onde a vida deveria terminar. Vivo em eternidade os pequenos momentos que me são dados por Deus, momentos sem fins e sem fim, sem destinos e sem lugares fixos, apenas caminho o caminho que é a vida mesmo, e como diria Drummond, "a vida apenas, sem mistificações".

Sim. Sou humano, portanto, não sou perfeito embora busque a perfeição como alguém que conscientemente sabe que nunca se chegará à sua plenitude. Tenho, por vezes, recaídas de um humano qualquer "caído". Me pego perguntando "qual o sentido da vida?", ou, "onde tudo isso vai dar?", mesmo com a consciência de que a vida não tem outro sentido que não ela mesma, e lugares onde se chegar não existem senão o lugar do próprio coração. Penso que ninguém deveria se perguntar coisas do tipo "quando serei feliz?", porque o "quando" se refere a um "lugar" estabelecido a partir de um determinado momento ou acontecimento. Não passam de projeções impostas a sí mesmo com o intuito de se auto-enganar achando que será "feliz" a partir de algo: Uma conquista, um graduação, um bem adquirido; enfim, como tenho dito, não há razões de buscar fora o que só poderá ser encontrado do lado de dentro. Nenhuma dessas coisas tornam o ser "feliz", por isso disse que ninguém deveria se perguntar "quando serei feliz?", porque a "felicidade" está mais próxima do que se imagina: A Paz interior!

Sim. Vivo em Paz com minhas angústias e alegrias, com minhas imperfeições, com meus erros e acertos, com as estações da vida, com minhas dores e prazeres, com minhas derrotas e conquistas. Vivo feliz não pela felicidade em sí, mas por estar em Paz com todas essas coisas, pois, o que produz a "felicidade" não é a própria felicidade, mas a Paz que habita o interior, "ser feliz" é apenas uma consequência!

Todas essas buscas e aflições tem a ver com o "Amanhã", mas o único dia que há é o "Hoje", pois, o "Amanhã" nunca existiu e nunca existirá para que o "Hoje" aconteça sempre.

Nele, em quem tenho Paz independente de qualquer felicidade ou angústia.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

UMA CENA EM UM MINUTO


- Até mais! - disse eu a uma amiga me despedindo dela próximo ao ponto de ônibus.

Na verdade tinha motivos pra desejar que ela de fato se fosse. Te vi logo à frente no ponto, esperando. O que você esperava? Pensava eu. Podia ser alguém que te surpreendesse com um convite novo, ou algo que te tirasse da monotonia de sempre, ou ainda, alguma coisa que lhe enchesse os olhos e preenchesse a alma. Não sei, talvez, apenas esperava o ônibus com o intuito de ir para casa como todos os outros dias.

Desejei que minha amiga fosse embora para que pudesse aproximar-me de você. Pois ela se foi. Você continuara sozinha. A observei o tempo todo sem deixar que você o percebesse. Cada gesto, cada mudança de comportamento. Te olhava como alguém que não espera outra coisa senão um sinal, divino, mágico, um olhar, um "ajeitar" dos cabelos. Era isso o que eu esperava. Um convite seu, discreto, simples.

"Aquela cena permaneceu imóvel, imperturbável, fora do tempo. Tornou-se parte da minha alma". A cena. Na verdade, havia muito barulho. Carros, motores, motos, buzinas, conversas, rizadas... Mas em mim, havia um silêncio, causado por você. Eu não estava ali. Estava em outra dimensão, em outro lugar. Nesse lugar não havia barulhos, mas uma bela canção sendo dedilhada em cordas, violinos, Cello, Baixo, viola, suavez som de pequenos tambores... Não havia rizadas nem gargalhadas, havia apenas alegria. Tudo isso se ajustava harmoniosamente encantador, em cantos e encantos. O que não havia foi chamado à existência, sim, aquela cena provocada por você. A cena era sua, toda sua, toda você.

Um ruído se fez tentando quebrar o calor daquele momento. Já era tarde. Meu ônibus se aproximava. Mas não pude ir. Ainda esperava alguma coisa de você, em você... Sei que fiquei até vê-la partir. Misteriosa em mim, ficou você.

"O que a memória amou fica eterno".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

SOBRE PÁSSAROS


Verdade é que não sei me dar bem com tal coisa. Na vida a gente vive ganhando e perdendo. Ganhamos amizades e perdemos amigos, ganhamos amores e perdemos a amada, nos encontramos e despedimos, chegamos e partimos, veem e vão, se vai, se vão, ganhamos e perdemos.

Nesse caminho onde viajamos nos encontramos com viajantes que chegam, trazem alegria, trazem paz, mas se vão sem dizer adeus, sem dizer nada, apenas continuam a viagem ainda longa ou, para muitos, curta. A minha dor é querer eternalizar tal momento, fazer com que seja sempre assim, sem idas, sem despedidas, sem partidas, sem perdas. As vezes me pego pensando nos que se foram, poderiam ter ficado, mas a viagem sempre continua. Impossível contê-los em algum recipiente, eternalizá-los para sempre, e para sempre fazê-los eternos ao nosso lado. De fato, impossível.

Pessoas são pássaros livres, e só são livres por poderem voar para qualquer lugar que queiram. Amores são também pássaros livres que pousam e sem se saber o porque vão embora, sem nada dizer, sem deixar pista alguma para onde foram, apenas se vão, para sempre. Nunca estamos preparados para perdas, mas ela acontecem assim mesmo, perdemos sempre.

Mas imagino se tais pássaros fossem engaiolados, enjaulados. Olhariam para suas asas e se sentiriam mutilados. Dor maior não há do que essa: Ter asas e estar dentro de uma gaiola. É a dor que se coloca bem diante dos olhos, do coração, das verdades do ser. Como viveriam tais pássaros olhando a vida lá fora sem poder voar livres para sempre? Não. Não seriam pássaros. Seriam tranformados em outra coisa. Seus rostos seriam transfigurados em angústia existencial, seus corações seriam empalhados mesmo ainda permanecendo pulsando. E tal pulsar seria o pulsar pela vida, mas não saberiam mais do que eram feitos. Não se lembrariam mais do ar batendo em suas asas em vôo livre sendo embalados pelo vento... Sentiriam angústia sem saber o porque, sentiriam saudades sem saber do que. Não se lembrariam mais que eram pássaros livres feitos para voarem.

Voem pássaros. Sua beleza está em serem livres. É melhor que se vá e vivam, do que ficar e esquecerem que suas asas são para alçarem vôos, sem fins, apenas voem em paz. Eu também irei, mas saibam, estarei melhor onde estiver se assim estiver livre para ser quem sou: Pássaro livre.

Vão e não voltem se não quiserem, sejam livres!!!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

... PAIXÃO


Sou apaixonado com música. Quem que conhece talvez pense que gosto de música, mas não é bem assim, não gosto apenas, sou mesmo é apaixonado.

O que faço pela música não o faria por qualquer outra coisa, não com a mesma disposição de coração ou com a mesma alegria e paz. Isso porque, como disse, sou apaixonado. E quem poderá dizer que a paixão não é uma loucura? Prova disso é que a paixão produz o casamento. Loucura, pura-mente em sã loucura! A paixão casa o músico com a música, o pintor com a pintura, o engenheiro com a engenharia, a princesa com o principe, o sábio com a sabedoria, enfim, a paixão faz acontecer a "contra física" absurda de duas coisas ocuparem o mesmo espaço e a louca química de tornar dois em um só, puros, à ponto de não se poder discernir onde começa um e termina o outro, puramente indistinguiveis.

Quando ouço uma música não ouço apenas uma "música". Ouço beleza num quadro harmônicamente misterioso, e me encanto com a possibilidade de tal acontecimento. Notas músicais se juntando a cantos que não se sabem de onde vem e nem para onde vai, cantos e melodias que tem a ver com a alma do cantor, tem a ver com a alma do músico que pinta numa tela invisível, sonora, não se pode tocar nem ver, é espiritualmente discernível porque assim o é, espiritual. Arte feita em ondas sonoras que conta as histórias jamais contadas, conta as dores jamais expostas, conta as alegrias jamais compartilhadas. Música é isso: encantos em contos em canto.

Mas a vida do músico se difere de toda essa beleza, ainda mais quando ele está iniciando agora uma carreira promissora. Pesos nas costas, bolsas nas mãos, todo o material que precisa pra executar bem seu instrumento. Ônibus cheios, o desconforto de se carregar tanta coisa, as distâncias percorridas para se chegar ao lugar de ensaio, o tempo gasto em estudo e em alimentação saudável para que se reponha a energia que se perde com todo esse trabalho.

A beleza da música não me livra dos estresses causados por ela mesma. Não me livra das crises de, por vezes, pensar se é isso mesmo o que quero. Não me livra dos cansaços, dos dias em que queria um pouco de quietude e não os posso tê-los. Sincera-mente, não. A música não tem esse poder. Sei apenas que quando acordo me esqueço o porque que pensei em largar ou abandonar tudo isso, acordo e não vejo razão para não viver com ela todos os dias da minha vida. No meu quarto, bem cedo, acordo ao lado do meu intrumento, uma bateria, e me encanto novamente, é como uma magia que se recria a cada dia. Paixão, pura paixão. As vezes canso e desejo dar uma volta para esfriar a cabeça, para "des-estressar um pouco" como dizem por aí, isso porque, como disse, ela me estressa, me cansa, mas a paixão é coisa louca, é sanamente louca. Quando volto, volto apaixonado, quero ela de volta, aliás, mesmo quando dou uma volta ela está sempre comigo, está sempre em meus pensamentos, em minhas conversas, em meus olhos, sempre intrínseca em minha alma. Diria, inseparável. Sei que ao lado dela estou onde quero estar, e com ela qualquer lugar é lugar qualquer que se transforma em cena de cinema.
Muitos não sabem a razão de alguns se dedicarem tanto a uma certa coisa, ou a certa pessoa!

Paixão! Seja sempre, eterna e sempre!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

PROCURA-SE UM AMIGO QUE TENHA BONS OLHOS!


Um jovem num fim de tarde conversava com um velho, muito simpático e agradável por sinal. O jovem queixava-se de seus amigos que diziam que, as vezes, ele era irônico, sarcástico, e por isso não entendiam o que ele queria dizer. Queixava-se também de sua família que o culpava até de respirar. Também queixava-se das pessoas que supostamente deveriam ser boas, mas quando provadas de fato, tinham sabores amargos.
O velho ouvindo tudo o que o jovem dizia, disse a ele:
- Meu filho! Você precisa de amigos que tenham "bons olhos".
- "Bons olhos"? - indagou o jovem.
- Sim! Amigos que tenham "bons olhos". Amigos assim nunca enxergam as suas falhas como se fossem horrendas e desprezíveis, mas a enxergam com humanidade e compreensão; Amigos assim não enxergam as suas "estações" com arrogância, mas respeita tanto o verão, quanto o outono, a primavera e o inverno da sua própria alma, e com com-paixão e se move em favor do seu próprio bem; Amigos assim não esperam que você seja mais do que você de fato é, pois, ele mesmo não quer que você seja outra pessoa que não você mesma; Amigos assim não o deixa porque você não agiu como ele queria que você agisse, mas ele primeiro age com perdão, pois, para ele não há outra forma de se ter um amigo a não ser pelo vínculo do perdão; Amigos assim nunca o deixarão solitário quando você de fato estiver sozinho, pois, não haverá presença maior do que a de um amigo assim, mesmo que ele não esteja fisicamente presente, a lembrança de alguém assim já conforta o coração e traz muita esperança; Amigos assim nunca olham suas dores como se fossem culpa sua estar passando por elas, mas o olha como quem conhece a dor e sabe que não é necessário acrescentar mais dor ainda com julgamentos e acusações; Amigos assim o amam pelo que você é e não pelo que você o possa oferecer; Amigos assim são amigos porque são amigos, e isso basta.
- Mas, senhor! Existe alguém assim? - indagou deseperançosamente o jovem.
- Você pode começar a ser um!- respondeu o velho.
E continuaram a conversar sobre muitas coisas e por muito tempo foram amigos um do outro.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ


Sim! Justamente o Justo viverá pela fé.

Me vem à mente, toda vez que penso nisso, sobre esse "justo" que na contramão do que é palpável e tangível vive em fé, crê no que, ainda, se espera. Sim, o justo viverá pela fé.

Penso sobre o que o Justo espera. Sim! Penso em uma vida em que o amor seja a lei da humanidade; que os relacionamentos sejam banhados por graça, humanidade, perdão, compreensão, bondade, compaixão, altruísmo; uma vida em que as pessoas tenham a liberdade de ser, não como hoje se pensa nessa liberdade moral, mas liberdade mesmo, nas vísceras do ser, sem esses vícios doentios da geração de hoje que se sente livre quando se droga até a insanidade mental se instalar como estado de prazer, ou então, quando se tem todas as mulheres ou homens que satisfazem os maus desejos do coração, ou ainda, quando se tem poder para se auto-afirmar na existência, seja o poder do dinheiro, do egoísmo, da ganância ou do que for; uma vida onde todos saibam que revolução de verdade não começa do lado de fora, mas do lado de dentro, não começa no palácio central mas no coração que é a estação de onde se embarca para a viagem da vida, não se faz com fuzis, nem facas, nem socos, muito menos com revolta e rebeldia, mas se faz na averiguação do próprio coração através do Evangelho em Cristo en-carnado, em Paz e Amor. Sim, uma vida onde haja a revolução de Ser do ser, onde todos sendo como Cristo serão da mesma forma distintos uns dos outros para sempre, onde cada um tenha um nome que seja conhecido somente entre ele e Deus, uma identidade apenas sua. Uma vida onde cada um seja tratado como quem é de fato, e não a partir do que tem ou do que potencialmente possa ter. Uma vida em que cada um seja chamado pelo nome e não pelo cargo que ocupa em certa empresa, ou na posição que assumiu em determinado patamar social ou religioso, ou pela farda que veste ou ainda pela arte que executa. Não, que cada um seja reconhecido pelo que é somente. Uma vida onde as crianças possam brincar depois das "dez" e que a família possa se banquetear em qualquer morro ou montanha da cidade, sem medo, sem pânicos. Uma vida em que ninguém se coloca em posição superior a ninguém, pois, se tem a consciência que o maior é quem serve sem o desejo que tal serviço o eleve hierarquicamente a uma posição de louvores humana-mente caídos e sem-graça, mas que serve apenas porque ama, e que também ama ser servido se tornando ainda menor do que aquele que serve, e que o amor seja a canção, a poesia, a fala, o "jeitinho" de ser-humano, o gesto, enfim, que o Amor seja o que Ele É.

Sim, uma vida que seja vida para todos, em tudo, e em todos.

O justo que mergulhou seu coração em todas essas coisas olha para o horizonte e não vê amor, mas muita, muita indiferença. Não vê compaixão, apenas mãos fechadas que não servem a ninguém. Não vê vida, mas morte, até nos lugares onde se oferece vida. Não vê ruas cheias de paz, mas cheias de ausência, essa traga pelo medo. Não vê Homens e Mulheres, mas seres des-humanos. Não vê a liberdade, mas o domínio e o poder sendo exercido de um para com o outro. Não vê simplicidade mas muita arrogância. Não vê alegria, apenas gargalhadas. Não vê choros em verdade, mas lágrimas de culpa. Não vê bondade, mas festas pálidas empalidecidas pela morte do coração no abismo das presunções humanas e mesquinhas, nas acepções segundo interesses pessoais e gananciosos. Não vê vida, apenas a farsa dela.

Então, justamente o justo vive pela fé e se torna a prova de que há algo que ainda não se manifestou em verdade e vida diante da realidade, embora a Verdade e a Vida tenha-se manifestado em carne, osso, e existência. A fé é a prova das coisas que não se vêem, sim, porque todos esperam, todos gemem pela esperança de uma vida em Verdade, todos questionam, todos fingem, todos, não há um sequer, ninguém que busque o bem sem que o pecado lhe esteja intrínseco. Sim, até mesmo o "justo".

O justo vive pela fé, sim, porque creu na Voz que lhe fala interiormente que há coisas indizíveis e que coração algum alcançou, nem olhos viram, e nem ouvidos ouviram o que Deus, desde antes da fundação do mundo, preparou, com muito Amor, para aqueles que, em Ele amando, o amaram também, pois, "nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados". Ele nos amou primeiro e demonstrou no Filho o seu próprio Amor. E nos deu essa viva esperança de que o Amor entrega a vida pelos outros em Amor. Isso muda toda a existência, esse é o Reino de Deus que já está em vós.

Sim, o que há perante os olhos é o que todos vêem, mas o que há perante o coração é o que todos precisam ver e crêr, e viver em fé e esperança!

Nele, em quem anseio por esse dia que espero dentro em mim.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O ETERNO HOJE


- Mamãe! O Sol vai voltar amanhã? - pergunta o garotinho pouco antes de dormir.
- Vai sim meu filho! - respondeu a mãe sem muito interesse.
- Mas, e se não voltar mamãe? Vai ser noite para sempre? E o Sol? Ele vai pra onde?
- Filho - exclamou a mãe - Porque você está preocupado com o Sol? Porque você quer saber se vai ter manhã de novo?
- Ah! Quero brincar o dia inteiro de novo. Também, quero tomar sorvete com meus amigos! Mas, se o Sol não voltar...!
- Filho! Você brincou o dia inteiro hoje, e tenho certeza que enquanto brincava não se preocupava com o amanhã. Não foi bom? - perguntou a mãe do garoto.
- Foi sim!- disse o garoto com uma certeza simples nos olhos - mas eu queria brincar mais!
- Filho! O amanhã não importa e sim o "Eterno Hoje"!
- Como assim mamãe, nunca ouvi falar desse "Eterno Hoje"!
- Sim meu filho. O "Eterno Hoje" é esse momento agora que acontece para sempre, porque para sempre só haverá esse momento agora!
O garoto parou, pensou, e como toda criança, perguntou:
- Mas mãe! Como só há esse momento agora se antes ele não existia e amanhã ele não existirá? - perguntou com muita curiosidade o garoto.
- Isso mesmo meu filho! O "antes" são os momentos que se passaram e não existirão mais, são momentos que se foram como fumaça, apenas ficarão na memória e só lá terão vida se assim você quiser fazê-los renascer em formas de sentimentos e percepções. O "amanhã" são os momentos que não acontecerão nunca, porque o "amanhã" nunca existirá para que o "Hoje" seja Eterno. Se houvesse "amanhã" todos nós deixaríamos de existir, pois, somos seres do "Eterno Hoje", desse momento "agora".
- Mas mamãe...! - exclamou e calou-se o garotinho sem entender muito do que sua mãe o dissera.
- Meu filho! O que você quer fazer agora?
O garotinho nem precisou de pensar muito para responder, pois, estava com muito sono.
- Quero dormir, estou com sono!
- Você não quer brincar agora? Não quer sair pra tomar um sorvete?... - perguntava a mãe.
O garoto dizia "não" à cada pergunta.
- Então, apenas durma, afinal, não é isso que você quer agora?
- Sim - repondeu o garoto com uma certeza quase sonâmbula.
- Então! O "agora" é o que chamo de "Eterno Hoje", e o que você no fundo, no fundo quer, não é saber sobre o "amanhã", nem sobre o Sol. Você quer apenas dormir e não deixar que o "amanhã" lhe tire o sono.
- Sim mamãe!
- Durma em paz, meu garoto!
E a mãe se despediu com um beijo que lhe veio como um desejo do "agora".

terça-feira, 6 de novembro de 2007

... E O FIM DA VIDA SERÁ ELA MESMA


E a vida segue assim, sem rumos, sem destinos, enfim, sem fins.

Não há lugares geográficos-existenciais a ser conquistados, de onde eu possa de lá dizer: "Agora eu vou ser feliz". Não. Ou se assume a felicidade no dia chamado "Hoje", ou se vive em desespero e ansiedade do amanhã tendo em mente a doce ilusão de que "chegar a tal lugar" fará tal pessoa "feliz". Mas não é assim. Tal lugar está carregado de projeções psicológicas, transferências que se faz a fim de se ter um objetivo, um motivo, ou mesmo razão para que a vida faça sentido, para que a vida tenha um fim-destino em que se possa dali em diante ser feliz para sempre. Esse lugar não existe, aliás, o amanhã não existe senão para quem investe suas preocupações nele. Há somente o "Hoje", e é somente o que há.

Não há lugares para se chegar, não há destinos chamados "lugar da felicidade", a vida não há "objetivos" que não seja ela mesma.

Vamos supor que, pela realidade capitalista de hoje, "ser rico" fosse o motivo da existência. Então quem já é rico poderia zombar de toda a ralé pobre, pois, se a vida tem esse objetivo o rico já está nesse lugar-geográfico-existencial no qual já, agora, desfruta da plenitude, do ápice, da vida. Ele sim poderia dizer "sou feliz", diferentemente do pobre que teria que trabalhar em função da busca e conquista de tal "objetivo", posto que é lá que está a tal "felicidade", no entanto, provavelmente, trabalharia ele até o fim dos dias da sua vida em função dessa busca, e, se conquistada, quem desfrutaria do bem conquistado seria seu filho. Daí então chegaríamos à conclusão de que o indivíduo trabalhou a vida toda em desespero para se conquistar tal "lugar-de-plenitude", mas ao chegar "lá" não não há mais como desfrutá-lo. Viveu todos os dias da sua vida em vão.

Suponhamos que o fim para o qual concorre a vida fosse o casamento. Saberíamos a partir daí fazer distinção dos "felizes-casados" o dos desgraçados solteiros, separados, ou viúvos. Se a vida se resumisse na "realização pessoal", a partir daí também poderíamos traçar um linha entre os "felizes-realizados" e o resto-frustrado.

Mas não é assim. Para o bem da humanidade Deus criou a vida livre de todo esse engano. Nada disso assegura que o ser seja feliz ou não. A vida transcende em muito a tudo isso. O que se vê são ricos felizes e também infelizes, pobres felizes e infelizes, pessoas realizadas felizes e também frustradas. Essa consciência esmagaria com um poder imensurável essa realidade de hoje, de que, se eu possuo o carro do ano, tenho a roupa da moda, o "tipinho" do cara ou da garota legal, o emprego respeitado pela sociedade, a faculdade "ideal", o "amor" ideal, enfim, esses moldes não asseguram e nem provam nada, apenas afligem o coração com um monte de falsos ideais e falsas idéias do qual se promete a segurança de estar vivendo em plena satisfação e felicidade enquanto na verdade não possuem valor algum diante da Verdade.

De fato, como diz um amigo, "a vida não se encontra numa garrafa", num recipiente, num envólucro, num lugar exato com endereço fixo em que se possa dizer daquele que lá chegou: Ele é feliz. Não, de fato, não há esse lugar. Qualquer lugar conquistado, alcançado, não possui em sí o poder da vida, o poder de resolução como muitos constumam dizer "preciso resolver minha vida", com muita ansiedade e desespero de que a vida precisa ter algum fim, um suposto objetivo pleno.

A vida prossegui livre como o vento, suave como a brisa, sem esses desesperos e paranóias mesmo após se ter alcançado o tal lugar desejado, seja um sonho realizado, uma faculdade terminada, enfim, seja o que for, a vida continua sem fins.

Daí o motivo de ninguém poder se julgar mais feliz do que o outro, mais pleno de satisfação do que o outro, pois, a vida não tem esses moldes, essas fôrmas. Ela é o que é, a vida é tudo e tudo é vida, isso se de fato há vida no ser que a diz possuir.

Cristo fala acerca do "olhar com bons olhos". Sim, é preciso olhar com bons olhos, olhos tais que possuem o coração e a partir deles e dele se enxerga a vida do lado de fora.

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida". Provérbios 4:23.

Creio que aí está o segredo de uma vida sem as ansiedades geradas pelo mundo hoje: Guardar o coração. Sim, é no coração que se conquista a coisas incorruptíveis, segundo Cristo, as quais nem ladrões podem roubar, nem as traças roerem, nem a ferrugem possa destruir, essas são as coisas que de fato tem valor para a vida, as que são conquistadas no coração, pois, esse é o lugar da conquistas eternas da mesma forma que também pode ser o lugar dos abismos eternos. Por isso é preciso cuidar do coração "Hoje" por ser nele e dele que procedem as fontes da vida. Se nele há vida, tudo do lado de fora será vida, posto que havendo vida dentro, só poderá haver vida fora, pois, aos olhos interiores é só o que há, e olhando-se para fora não há como enxergar outra coisa senão, também, vida. Se no coração houver vida, do lado de fora só haverá o que estiver dentro. O contrário também é verdadeiro, se há morte do lado de dentro, também assim o será do lado de fora, afinal, "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!". Mateus 6: 22-23.

As fontes da vida vem do lado de dentro, do coração. Os bons olhos vêem do coração e nele habita o bem ou o mal que vejo. É nele que se encontra as fontes para se ter Paz no dia chamado "Hoje", e se ouvirdes a Voz não endureçais o coração, pois, muitos chegarão ao final de suas vidas e descobrirão que o "fim" que procuravam era a própria vida; Chegarão lá e não terão mais o mesmo vigor que se tem hoje, lamentarão apenas esse dia por não se ter mais, nele, contentamento, pois, passou sua vida toda a procurando sendo que ela está intrínseca no ser o tempo todo.

Embora, eu fale nesse texto o tempo todo sobre a vida, não é tão simples assim, pois, mesmo diante da vida é preciso que se tenha Vida. O CAMINHO é Cristo, A VERDADE é Cristo, A VIDA para a vida é Cristo, e não é necessário ler toda a bíblia, saber tudo de teologia ou filosofia, ou seja lá o que for, basta crer que, em Cristo, Deus reconciliou a humanidade consigo mesmo por pura Graça. É um dom de Deus apenas dado a quem quiser "Hoje" assumir essa consciência nas vísceras do ser e ter, ainda hoje, um pouco de Paz. Pois é nessa Paz que se tem Vida para a vida.

Apenas creia e caminhe!

Nele (Cristo), em quem meu coração se apazigua diante de qualquer desespero.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

SOBRE A SANTIDADE!


Santo é o pecador que se vê como tal e do alto pede apenas a misericórdia divina sobre ele confessando com as verdades do coração que de fato ele é pecador para sempre e que não há solução para a sua própria condenação senão a Cruz de Cristo que livra o ser de toda a culpa, pois, de fato, na Cruz, Cristo reconciliou o homem a Deus, e estabeleceu a Paz para todo o sempre, livrando-o da condenação para sempre, pois, como Ele mesmo disse "Está consumado", acabou, a obra da salvação está feita: Está consumado!

Talvez deveria aqui terminar o assunto, mas proponho-me a falar sobre o que foi inventado como "ser santo" no meio religioso cristão. "Santidade", esse termo que se tornou emblema de medo e pânico, pois, sem a qual ninguém verá a Deus.

Nessa frase (sem a qual ninguém verá a Deus) se estabelece tudo contra o que Deus estabeleceu em Cristo na Cruz. Em Cristo Deus estabelece a Paz, nos templos, onde se diz habitar Deus, estabelece-se o medo; em Cristo Deus estabelece a reconciliação de todo o homem a Deus, nos templos cristãos se estabelece a separação por causa do pecado que nos habita; em Cristo Deus estabelece a vida eterna, nos templos evangélicos se estabelece o pânico por medo do inferno e da morte eterna; em Cristo Deus se revela em Graça e Verdade, nos cultos se revela um "cristo" que é condenador harbitrário e que estabelece um tipo de vida semelhantemente militar, regras, regras, regras e mais regras, e quem não se bancar vai pro lago de fogo.

"...Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados..."( 2 Coríntios 5:19), isso, não se faz ouvir, sendo ironicamente essa a Boa Nova do Evangelho, e sem essa verdade não há Verdade, nem Caminho e muito menos Vida. Há somente a ressurreição daquilo pelo qual Cristo se entregou e destruíu: a morte, o medo, o inferno e a condenação eterna. É justamente por isso que o apóstolo Paulo diz que todos os que por sí mesmos tentam se justificar diante de Deus caíram da Graça, e separados estão de Cristo, pois, foi justamente isso que Cristo veio fazer, justificar o homem perante o Pai, sendo que, se o indivíduo se auto-justifica não é necessário Cristo, por isso Paulo diz "Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão".

Ser "santo" nada tem a ver com o pacote comportamental que ditam para que seja cumprido com a premissa de que quem cumpre é "justo", quem não cumpre é "pecador". Isso é uma mentira descarada e sem vínculo nenhum com o Evangelho. Aliás, quando foi que Cristo assumiu em sí mesmo um desses pacotes criados pelos homens? Essas coisas do tipo "não toques, não proves, não manuseies"? Aliás, a pergunta é: "Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne"(Cl. 2: 20-23). Quem está morto já não vive para tais coisas, pois, de fato, está morto, mesmo. Todas essas coisas ficaram para trás, esquecidas no "nunca mais", já não existe, não tem valor algum. Sim, a religião que se baseia em pacotes comportamentais produz somente domínio das ações humanas através da repressão de sentidos e desejos. Produz o "adestramento" do ser, o clone segundo as regras e ditos e leis, mas nada pode transformar, posto que a Lei e as regras não tem vida em sí mesmo e por isso não pode doá-la a ninguém. Todos os que tentam se bancar diante de Deus por meio do orgulho promovido pelo cumprimento de seja qual lei for, saiba, cale-se diante Dele, pois, não há nenhum indivíduo sequer que possa abrir sua boca diante Dele e dizer "eu mereço", "eu cumpri", "eu sou Justo", pois, é assim que também se diz: Cristo é desnecessário. Não, não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus. Por isso Cristo disse: "Não fostes vós que escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós outros..." Essa é a Verdade para a vida, não o encontramos mas fomos por Ele encontrados; não produzimos nossa própria justiça mas fomos pela morte Dele justificados para sempre; não somos santos por meio de nenhum comportamentalismo adotado mediante o que quer que seja, que lei que seja, mas Nele somos feitos Santos e livre de qualquer acusação, portanto, "já não há mais condenação para os que estão em Cristo", pois, foi justamente para que a condenação fosse destruída que Ele morreu oferecendo-se a sí mesmo como paga pelo pecado da humanidade, assim, satisfazendo em sí mesmo a Justiça de Deus revelada na Lei e no coração humano.

Assim, a justiça não vem da obediência à lei mas é mediante a fé naquele que foi Justo e que em sua morte-Cruz justificou a pecadores.

Ser "santo" é crer-se Nele justificado para sempre e viver em Paz com a certeza de que Ele de fato foi suficiente, e quanto ao que Ele fez nada há que possa ser acrescentado: Está Consumado! Acabou! Está feito!

Creia apenas e viva!

"Porque não foi pela lei que veio a Abraão, ou à sua descendência, a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo, mas pela justiça da fé. Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é anulada. Porque a lei opera a ira; mas onde não há lei também não há transgressão. Porquanto procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós". (Rm 4: 13-16)
"Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão". (Gl 2: 21)

A condenação é justificar-se a sí mesmo, pois, assim "separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes" (Gl 5: 4).

Nele, em quem estou livre de toda a condenação, apenas creio e caminho, em Paz para sempre, Amém!

CONSELHOS...


Dizem por aí que "se conselho fosse bom, seria vendido". Bom, frase de quem tem o coração em Mamom, o deus do dinheiro, o que não é nada assustador nos dias de hoje, dias em que o capitalismo só é selvagem porque coloca o homem à venda, e as "coisas" tem valores semelhantes ou de mesma natureza que qualquer ser humano.

Ricardo Gondim resolveu dizer que se fosse mais velho daria muitos, e muitos conselhos, no entanto não esperou chegar até lá: ..."Eu deveria esperar para dizer essas coisas quando estivesse mais velho. Por impetuosidade acabei dizendo antes do tempo. Contudo, acredito que não me arrependerei de tê-las dito agora". Que bom meu mano em Espírito que você não esperou até lá. Suas palavras são medicina para a alma.

Enfim, se eu, também, fosse mais velho...

... Diria aos jovens que não buscassem entender a vida, mas que apenas buscassem descanso e Paz para as suas almas. Diria que muitos chegarão bem perto do fim de suas vidas e descobrirão que o "fim" que procuravam era a própria vida, pois, a vida é o fim para o qual concorre todas as coisas.

... Aconselharia que buscassem a transformação da consciência. Recomendaria que perscrutassem suas próprias almas para que vissem o que não lhes é próprio, mas o que lhes foram imputados como cultura social ou familiar, religiosidade, enfim, influências diversas. Afirmaria que muitas das coisas que achamos que fazemos por nós mesmos, na verdade são ações e feitos condicionados às influências que estamos submetidos. Recomendaria que cada um cuidasse do próprio coração segundo e seguindo o Espírito de Cristo.

... Diria que discussões sobre Deus de nada valem, pois, Deus não é um discurso, ou uma tese, ou uma afirmação a ser feita. "Deus" pode ser apenas uma desculpa para se auto-afirmar diante dos outros, ou para se passar por mais "espiritual", ou "sábio". Diria que "verdade é que alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda". Sim, falam de "Deus" mas não o conhecem nem procedem como Ele. Afirmaria que, na maioria das vezes, essas discussões são sobre "deuses",ou "d-EU-ses", não há nelas a Verdade em Amor do Espírito, que produz o contentamento e Alegria. Recomendaria que procurassem conhecer o Amor do Pai revelado em Cristo, pois, esse é o segredo de todas as coisas: "Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados". Sim, em se conhecendo o Amor do Pai então discerniremos o que de fato é Amor, pois, Amor Ele É, e só assim se pode amar como Ele nos amou. Portanto, só conhecendo o quanto Ele nos amou primeiro é que então passaremos a seguir o caminho da vida nesse mesmo Amor e Vida.

... Diria aos jovens que não se preocupassem com o amanhã, mas que confiassem em Deus. Afirmaria que o "amanhã" só existe para quem se preocupa com ele no dia chamado "Hoje", e que bem nenhum traz ao coração tal ocupação da mente, posto que sobrecarrega produzindo no coração ansiedades e aflições de espírito. Deixe que o "amanhã" traga suas próprias preocupações quando vier a ser "hoje". Recomendaria que vivessem o presente, pois, na verdade, o presente é só o que há para viver mesmo. Perguntaria, no Espírito de Cristo: ... "Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?" Portanto, cuide do do coração no dia chamado "Hoje", pois nele acontece a vida e o chamado de Deus, e nele é que se encontra descanso para a alma.

... Diria que a vida é uma só em sua complexidade. Não há dicotomias, ou tricotomias no chão da existência. Há apenas a vida mesmo, como diz Drummond, "sem mistificações". Recomendaria que fizessem uma análise em paralelo à vida de Cristo e que procurassem Nele os momentos em que Ele foi "espiritual" e "carnal"; o momento em que Ele estava na presença de Deus e os que não estava; em que momento ele era santo e em qual ele não o era?; em que momento ele não viveu em adoração a Deus?; Cristo é espiritual quando ora e quando come; adora quando dá sermões e quando bebe vinho. Nele somos espirituais quando comemos, bebemos, ou ouvimos uma boa música que fala seja lá do que for, do amor, da desilusão, da dor, da alegria, enfim, Nele somos o que somos: Seres espirituais sem dicotomias esquizofrênicas.

... Diria aos jovens que a vida não se resume ao "amor" da vida, ao "sonho" ou "realização". Nenhuma dessas coisas após serem conquistadas poderá se instituir como "início da felicidade". Recomendaria que apaziguassem os seus corações no leito do Evangelho, e que Nele fossem felizes para sempre, em Paz com Deus e consigo mesmo.

Bom! Deveria ter feito como Gondim, esperado a minha velhice para dizer tais coisas, mas, também, como ele creio que não me arrependerei de tê-las dito.

Nele, que é Vida para a vida Hoje.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

FRUTOS FORA DO TEMPO


Há tempo para todas as coisas debaixo do Sol. Sim, para todas as coisas há seu tempo, e tudo que é manifesto fora de tempo é anômalo, falso, mentiroso e faz mal para a própria alma que assim se deixa enganar manifestando aquilo que ainda não foi gerado em seu próprio ser.

Tudo que não faz parte de mim e que expresso como se fosse algo meu, se torna para mim mesmo um auto-engano, uma maneira de falsificar a realidade de quem sou e fazer isso se passar por outra coisa que não eu, crio outro ser afim de não mostrar ou de camuflar algo em mim, ou mesmo de me passar por outro seja por qual motivo for. De qualquer modo, todo fruto fora do tempo é fruto de mentira e auto-engano.

Tudo que assumo para mim como sendo algo meu fazendo com que aquilo que não "é" "seja", e o que para mim é verdade "hoje" deixe de ser, é auto-engano, é querer assumir o que não se é, deixando de ser o que de fato é. Isso é engano!

Enfim, tudo o que vem antes do tempo é mentiroso; tudo o que vem antes de haver sido gerado pela vida é engano; tudo o que nasce fora da estação propria é falso, enganoso, é motivo de suspeita e auto-reflexão, pois, é maldição para quem carrega essa semente que deseja dar seu fruto antes do tempo, que quer antecipar uma verdade ainda não gerada, e por isso, mesmo que tenha aparência de verdade, em sendo um fruto que ainda não foi formado no ser, seja qual for a verdade que esteja diante dos olhos, esta, não foi transformada pelo tempo devido, assim sendo, pode até ter aparência mas não terá ainda em sua entranhas a verdade de algo que foi formado no seu tempo devido, fazendo assim que todo o fruto seja apenas uma mentira diante dos olhos, pois, no interior de fato, ainda, não há nada, nenhum sinal de que do lado de fora seja a realidade que habita o interior do ser.

Há tempo para tudo debaixo do Sol e aquilo que foge a esse tempo não pode ser senão uma mentira, e o pai de toda mentira e engano não é outro senão o Diabo, ele é a própria tentação de se entregar a esse "ser conforme não se é". Há tempo de ser são, e tempo de ser louco; há tempo de ter certeza, e há tempo de abrir mão de todas elas; há tempo de encontrar e há tempo de perder; há tempo de deixar, e há tempo de tomar para sí; há tempo para o tempo, há tempo para tudo debaixo do Sol.

Só não há tempo para aquilo que se manifesta antes do tempo, pois, foge à verdade de ser do ser! E ainda que demostre aparência as verdades são latentes perante a realidade daquele que vê.

Fora do tempo qualquer coisa é uma anomalia, até dizer "eu te amo" sem que isso de fato tenha sido gerado como verdade e vida, é engano.

Deus é Verdade e Ama a verdade, ainda que ela não o seja amanhã como o é hoje, ainda sim, não há verdade em "ser" o que ainda não se "é", e manifestar uma verdade que ainda não foi gerada é engano.

Nele, que é Verdade e Ama a verdade.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

E O FOGO ETERNO?


Ao aluno com carinho...


Há várias menções ao "fogo eterno" nos textos bíblicos. Há vasto material teológico e filosófico sobre o "inferno", a "condenação eterna", enfim, a "morte eterna", isso na tentativa de discernir quem serão os bodes e quem serão as ovelhas; quem serão os "apartados" de Cristo e quem não os serão; quem experimentará a segunda morte e quem não a experimentará. E por aí vão as questões que acabam por ser uma única: Quem será salvo e quem será condenado? Essa é a questão.

Como disse, há várias sitações de textos referentes à condenação eterna e a salvação eterna, mas não os citarei aqui por pensar não haver necessidade de tal. A questão não deveria ser "quem será... quem não será?", mas, o que tais palavras ditas por Cristo, acerca da morte e vida eterna, significou para Ele? Como Ele encarnou o próprio Verbo que de sua boca procedia?

Ele não condena aos pecadores, mas muito pelo contrário diz que foi para eles que Ele veio, afinal, são os doentes que precisam de médico, e Ele veio chamar injustos e não justos. Justos não precisam de um Salvador, eles por sí mesmo produzem a petulância da própria salvação; não precisam de um redentor, pois, vivem da presunção de estarem por sí mesmos redimidos pelo derramar do seu próprio sangue-esforço.

Cristo não condena a "mulher pecadora", condenar é coisa de fariseu, Cristo apenas diz "vá em paz"; Cristo não apanha pedras para condenar a mulher pêga em flagrante de adultério, isso é coisa de sacerdotes e fariseus e mestres da lei, enfim, é coisa de quem bate no peito e dá graças a Deus por não ser como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, mas, Cristo, diz "EU NÃO TE CONDENO". Cristo chama os próprios fariseus de "filhos do inferno" e ainda diz que eles tem um dom desgraçado de fazer seus discípulos ser duas vezes mais filhos do inferno do que eles mesmos (e não se enganem, os fariseus não são senão, nos dias de hoje, os cristãos em geral), mas é pelos próprios fariseus que Jesus ora ao Pai dizendo para que os perdoem pois não sabiam o que faziam.

Aliás, na Cruz, era Deus dizendo ao mundo "eu os estou reconciliando ao Pai, todos vós, pecadores, adulteros, roubadores, idólatras, beberrões, soberbos, egoístas, invejosos, meldizentes, traiçoeiros, falsos, religiosos, cegos de entendimento, surdos de coração... todos vós estão reconciliados ao Pai, apenas creiam e caminhem". Portanto, perguntar quem irá para o inferno e quem irá para o céu é coisa de quem não creu que a Cruz é maior do que a transgressão de Adão, que a Graça é imensuravelmente maior do que o pecado, e que Deus é Deus. Diante Dele apenas digo "tenha misericórdia de mim que sou pecador", isso apenas, sabendo que a misericórdia Dele já está sobre mim desde sempre, antes mesmo da fundação do mundo, pois o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo, e antes que houvesse "luz" houve "Cruz", e a salvação é mais antiga do que a existência.

Em Cristo o mundo está condenado à vida eterna, todos, quem faz acepção de pessoas e juízos morais são os religiosos, não Cristo.

Nele, em quem o fogo eterno foi apagado pelo poder do Amor do Pai revelado em seu Filho na Cruz, e Isso, excede todo o entendimento.

Abraço caro amigo

SAIBAM...


Se vocês ouvirem por aí que estou desviado, por favor, não acreditem. Quem está desviado só está por ainda possuir um vínculo com a via anterior. Não me intitulem assim, não tenho ligação nenhuma com aquilo o qual um dia pensei ter.

Se dizem por aí que agora sou do mundo, acreditem, nunca tive a pretensão de não ser, aliás, isso é coisa de alien, ser de outro mundo, eu só tenho esse o qual eu vivo mesmo.

Se dizem por aí que estou enganado, digo que não. Enganado estava quando me achava por mim mesmo estar no caminho. Hoje só sei estar no Caminho pela Paz que agora habita em mim, de saber que nada vem de mim, mas Dele, apenas creio e caminho.

Se alguém disser por aí que "nos últimos dias surgiriam falsos profetas" fazendo referência a mim, digo que desde muito os falsos profetas já estão na terra, desde sempre negando a Cruz com suas presunções e idiotices; com suas religiões e petulâncias; com suas auto-justiças e falta de amor; com seus "jesuses" e seus "deuses". E esses só vestem peles de cordeiro por estar no meio deles.

Se disserem por aí que não sou mais crente, acreditem, não faço questão de que assim me chamem, pelo contrário, chamem-me de apóstata, mas não me chamem de "crente". Não caminho segundo tal espírito.

Se ouvirem dizer que estou entrando pela porta larga, saiba, que estou em um caminho larguíssimo, onde não sei "qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade". A única coisa que sei-saboreando é que nem a morte, nem os mortos, nem a vida, nem os que presunçosamente dizem por sí mesmos estar vivos, nem coisa alguma que seja "coisa" ou qualquer outra "Coisa", poderá me separar do Amor de Deus que está em Cristo, o qual é meu Senhor e Salvador, não da boca pra fora, mas isso escrito está nas entranhas do meu ser.

Se dizem por aí que estou vivendo uma vida que não "é de Deus", saibam, não tenho outra vida pra viver senão apenas a que Dele vem, pois Nele eu existo, me movo e vivo. Sorrio e me angustio Nele; me alegro e me entristeço Nele; provo das estações da vida sejam quais forem, Nele; peco e sou santificado Nele. Não tenho em quem ser senão Nele.

Se dizem que estão surpreendidos comigo, digo que não, apenas me vêem fora dos seus padrões morais-religiosos, nada além disso. "Desviar" signigica apenas isso, assim como se "converter" também. São só performances.

Não tenho performances para assumir. Não tenho pretensão de subir degraus denominacionais. Não tenho a pretensão de ser um "super-ungido". Não tenho a pretensão de buscar de Deus "poder" para me destacar entre os supostos "somente-membros". Não, de fato, não. "Poder" apenas busco o do perdão, o do amor, o da bondade, da compreensão e da misericórdia. Não tenho senão a minha fé, essa dada por Deus, de que Nele sou o que sou, não tenho nenhuma pretensão de ser outra coisa que não eu mesmo,

Enquanto isso faço ouvir a Boa Nova: Em Cristo o mundo está reconciliado com Deus, e Deus está em Paz com todos.

Nele.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

QUANDO SE TEM TUDO E SÓ LHE FALTA A VIDA


- Papai! - gritou o garoto - Quero fazer uma pipa para empinar com meus amigos!
- Amigos? - interrogou o pai - Esses garotos não são amigos, são gente má, são garotos maltrapilhos, falam palavrão, riem alto, não tem educação...
- Mas pai... Eu consegui o bambú, o plástico e a linha...
- Mas o que? Você podia fazer outra coisa, empinar pipa é perigoso, e fazer uma causa uma sujeira só no quintal de casa! Porque você não vai jogar vídeo-game? Porque não vai brincar com seus outros brinquedos? Tem que ser logo "pipa"?
- Mas pai...!?
- Não... Vai fazer outra coisa - disse o pai já saindo sem querer ouvir mais nada.
O garoto tinha o sonho que era seu. Tinha também condição de realizar seu sonho, afinal, esse ele mesmo adquiriu. O vento estava à sua espera lá fora... O dia estava sorrindo com um Sol radiante sem nenhuma sombra de chuva... Seus amigos estavam lá, felizes, sorrindo, se divertindo, se deliciando com a vida e sua simplicidade, alguns deles nem tinham o que o garoto tinha, mas estavam lá, felizes em viver, em estar lá fora, na vida. O garoto tinha tudo, só lhe faltava a Vida.

Assim tem sido a religião. Castradora dos sonhos, amestradora dos desejos, a própria negação da vida. Ela cria seus quintais para manter os "seus" lá dentro, negando a vida lá fora, mesmo que se tenha tudo para a vida, e ainda se diz "pastor" ou "pai-stor" os que isso fazem.

"Lá dentro" é o lugar da prisão e da falsa segurança. É o lugar onde se tenta livrar dos "perigos" lá fora, da "sujeira" que poderia causar se as pessoas começassem a querer ter sonhos demais. É o lugar onde se diz ter vida de verdade, ter sonhos de verdade, pessoas de verdade, músicas de verdade, diversão de verdade... Mas lá dentro só há pavor da vida, que acontece livre lá fora e está posta como banquete para quem quer se deliciar nela. A religião faz com que o "Lá dentro" adentre o ser de modo que dentro do ser passa a ser seu lugar de hospedagem, e o "Lá dentro" já fica enraizado na alma do indivíduo que um dia teve sonhos mas agora não os tem mais; que um dia teve vontade de sair para a vida e agora não os tem mais; que um dia teve a vontade de sair para a simplicidade da vida mas hoje não a tem mais.

E o pior de tudo é que o ser já amestrado e castrado vive como quem, alienamente, está feliz. Já não tem desejos, nem vontades próprias, não tem sonhos, não tem vida nem vontade de viver, pois pensa estar por sí mesmo vivendo o paraíso dentro das paredes que lhe foram imputadas, sem enxergar que seus membros, os quais Deus o deu para a vida, foram mutilados, por isso a razão de não se ter mais o grito que clama pela vida dentro do ser. Tudo o que é vida o foi ensinado como sendo morte, tudo o que é morte foi-lhe ensinado como sendo vida, e o ser vive em eterno engano. Prova a morte pensando ter sabor de vida, mas seus sentidos já estão embotados para que perceba tal sabor; prova a prisão como sendo liberdade, pois, suas asas já foram cortadas para não sentir a liberdade de alçar vôos para bem longe; prova o inferno como sendo o céu, e o Diabo como sendo Deus. Como diz um amigo em espírito: prova urina numa garrafa de Balantines pensando ser Wisk (Caio Fábio).

Deus deu tudo para que se tenha vida, e criou a vida para que nela se viva em abundância, pois a Vida e a vida provém Dele.

Nele, em quem sonhos e liberdade jamais serão castrados nem mutilados, pois tudo isso também vem Dele.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

QUANDO OS DA SUA PRÓPRIA CASA NÃO PODEM PARTILHAR DA MESMA FESTA QUE VOCÊ


Venho de uma família cristã que teve sua vida e sua existência ligada à igreja evangélica. Meu pai era presbítero da igreja Metodista, minha mãe também cresceu no meio cristão e sempre se dedicou aos serviços e estilo de vida cristão e eu fui criado e ensinado segundo tudo isso, o que contribuiu para imensas dores nos dias de hoje quando enfim conheci a leveza do Evangelho. Digo "dores" por causa das dores da gestação da Verdade em mim, dores de parto, dores de quem está pra conceber um novo ser, uma nova consciência, não mais segundo as performances assumidas pelo pacote comportamental religioso cristão, mas segundo o Espírito de Cristo que carrega consigo a leveza da Graça e da Verdade.

Os evangélicos sabem que "matar" é errado, que "prostituir" é pecado, e que um monte de coisas, que o intitulado "mundo" que eles tanto dizem a seu respeito, oferecem, de fato não fazem bem para a alma. Sabem que é preciso ser transformado, é preciso arrependimento, mas não conhecem o Espírito de Deus. É Ele quem dá o crescimento daqueles que caminham no caminho da vida, é Ele quem traz o arrependimento para a vida para que se tenha Vida, é Ele quem transforma o ser de glória em glória à semelhança de Cristo de modo que a transformação se faz notar como algo não humano mas divino, pois, se reconhece que tal transformação só pode ser feita no espírito pelo Espírito que é Bondade e Amor, e Perdão. Se conclui tal coisa posto que o homem é mau, e tal feito não poderia ser feito por ele, pois, o que nele há é só morte:

ROMANOS 3:
10
Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11
Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.
12
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13
A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
14
Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15
Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16
Em seus caminhos há destruição e miséria;
17
E não conheceram o caminho da paz.
18
Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19
Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20
Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.


Sim, há apenas morte. A morte de achar por sí mesmo "encontrado"; a morte de achar por sí mesmo justificado; a morte de pensar por sí mesmo entendido acerca de Deus; a morte de pensar por sí mesmo conhecer Aquele que é conhecido à quem Ele se dá a conhecer; a morte de dizer por sí mesmo conhecedor do bem e do mal. De fato "não conheceram o caminho da paz".

Os cristãos conhecem a Lei, são conhecedores do pecado mas não da Graça que superabunda a abundância do pecado; não conhecem o Amor que excede a qualquer transgressão humana; eles tem a informação de que há um arrependimento, mas nunca se deixaram embalar nos braços de Deus para que de fato provassem a vida como Vida, e não como negação dela; acreditam na auto-transformação que gera paranóia e neurose que só traz doença, não crêem de fato no Espírito de Deus que transforma quem quer que seja no compasso em que a vida é tocada, sem as pressas dos pragmáticos, sem as neuroses dos religiosos, pois, o Espírito é como o vento que não se sabe de onde vem nem para onde vai, e o trabalho dos religiosos é tentar discernir tudo isso para o qual não fomos chamados, mas quem de fato crê no Evangelho, no Espírito de Deus, não fica preocupado com o "quando", "como", "porque", "pra quê", apenas crê que Ele sabe de todas as coisas. Quem tem essa fé apenas descansa Nele, que transforma todas as coisas em bem para a vida e para a sensatez do ser.

Os cristãos deveriam saber isso, que Deus é Deus e não um coitado que cria e depois não "da conta do recado", como diz as expressões populares. Deveriam saber que foi Ele quem trouxe o "existir" à existência, sendo assim, a vida provém Dele e Ele não tem medo da vida, nem de coisa alguma, não há nada que ele não conheça, não há nada que o surpreenda, não há nada que não esteja sob e sobre suas mãos. Os cristãos deveriam saber que Deus é Amor e que não existe" o "mas", esse "mas" que se desfaz da Graça, que se desfaz da Cruz, que se desfaz de Cristo, esse "mas" é o próprio Diabo, pois, "se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça" (Romanos 11:6a), "mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem". (Romanos 3: 21-22a).

Sim, o "mas" é resultado do medo que vem pela falta de fé Nele, é a alegação de que Cristo não foi suficiente ao contrário do que eles confessam com os lábios, ainda menos "único". O "mas" que provém da insegurança de quem não descansa na Verdade de que Cristo reconciliou o homem a Deus, e que Nele estão perdoados os pecados sejam quais forem, e quanto ao que Cristo fez na cruz não há o que acrescentar, está consumado, está feito, acabou. O mundo acabou na Cruz de Cristo, na Amor do Pai revelado no Filho. O Juíz e o Advogado se entenderam e a Paz foi estabelecida para sempre de modo que não há nada entre Deus e o homem, nem pecado, nem morte, nem inferno, nem coisa alguma poderá separar seja quem for do Amor do Pai em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador.

Sim, os cristãos deveriam saber disso, que o "mas" é o medo, e que o medo implica em castigo, mas quem está em Cristo conheceu o Amor e Nele foi lançado fora todo o medo brotando a consciência e a confiança de que Nele não há punição mas Paz e Reconciliação Eterna. Sim, Eterna porque foi estabelecida Nele e isso não depende de nós, é Dele a Salvação dada ao mundo e Nele ela se sustenta, apenas Nele.

Ah! Se os cristãos soubessem disso! Dançariam em Paz e Santidade, cantariam a alegria da Salvação, amariam a vida como um dom dado por Deus, chorariam de felicidade!

Se eles soubessem disso, aí sim, minha casa serviria ao Senhor sem mesmo saber o trabalho que faz, no entanto, hoje, canto e danço, e festejo sozinho.

Eles aprenderam coisas do tipo "certo e errado"! Ah! Se ao invés disso tivesse aprendido a se alegrar e descansar Nele.

Cristãos! Aprendam a alegrar-se Nele, e dancem...

Nele, em quem não estou só, nunca.

HÁ... (2º Parte)


Mas não Nele...

Pois Nele...

Há muita festa sim, e elas acontecem primeiro na alma
e assim o ser canta, dança, festeja em Verdade e Vida

Nele não se despedi os festantes mas convida para a festa até os que não sabem festejar
E no interior flui rios de água viva para a vida e para a festa nos dias da existência seja onde quer que esteja o festante

Nele, as músicas são tocadas de acordo com a melodia da alma
e os sorrisos são aceitos como festas de alegria
as lágrimas são colhidas como angústias do coração
e as canções são tocadas de acordo com a estação do ser
seja inverno ou verão na alma, ou talvez, outono

Nele, não se nega a vida, mas convida, com-vida, para a vida
E nela se faz o caminho que traz a sensatez e o apaziguamento do ser
e a morte é morta, por isso ela não mais amedronta os que estavam sob julgo de escravidão mas traz vida para os lugares onde era sepulcro da alma

Nele a Boa Nova é proclamada como medicina para vida
pois Nele estão reconciliados todos aqueles que estando mortos no pecado reviveram, não por sí mesmos, mas por sua Graça
e agora estão livres de toda a condenação e falso temor de Deus
"Deus está em Paz com o mundo", é a Boa Nova que se faz ouvir

Nele, os dias tem a suavidade e leveza de cada dia, pois, isso basta
e o que passar disso é mera aflição de espírito, o que abate o rosto do homem mas não pode acrescestar uma hora sequer à sua vida

Nele, há descanso para os que estão cansados
Pois os que se dizem descansar por sí mesmos não estão Nele
Mas trabalham incessantemente para sua própria condenação hoje
e a vida acontece sob opressão, mas quem se achega a Ele entra no descanso de Deus, para sempre

Nele, a vida não é a morte mas mortos estão os que negam a vida
Pois, Nele o chamado é esse: A Vida para a vida em abundância

Nele, há liberdade de ser, pois, os que se escravizam separados estão Dele
"Pois foi para a Liberdade que Cristo nos Libertou"
Nele, o proibido é escravizar-se ou ser escravo
Pois Nele fomos feitos filhos, não servos

Nele, os vinhos e delícias são oferecidos para o degustar da vida
E a Paz é o banquete principal
Pois, Nele, temos Paz com Deus onde o Juíz se resolveu com o Advogado
E nós, os réuz, fomos absolvidos, "pois já não há mais condenação para os que estão em Cristo"

Nele, o Amor excede mesmo a todo o entendimento
E todo aquele que se diz entendido do Amor de Deus não entendeu coisa alguma
Apenas vive na presunção de ser o que não se é, e de entender o inteligível
Mas é só pretensão

Nele, o Amor É

Nele, há só Vida para o caminho de qualquer caminhante

Nele, a morte e o inferno já perderam seu poder e foram desmascarados e expostos à vergonha e desprezo eterno

Nele, em quem Vida para a vida é só o que Há.

domingo, 7 de outubro de 2007

HÁ...


Há muita festa para festejar, mas despediram-se os festantes
Há uma música sendo tocada, mas silenciaram o canto da alma e mataram os cantores de coração
Há uma vida para ser desfrutada, mas a negaram e pregaram a morte
Há uma Boa Nova para ser proclamada, mas proclamaram o medo de Deus

Há uma Paz para o dia chamado "Hoje", mas os que estão em Paz diz-se deles loucos,
e o "Hoje" se tornou dia de aflição e pavor
Há o dia do descanso, mas proclamaram o trabalho em justificação própria justamente nesse dia
Há muita vida lá fora, mas criaram o conceito de que a vida é a morte
Há liberdade de ser, mas castraram o desejo de liberdade no ser

Há vinho e delícias, mas expulsaram os que se lambuzam deles
Há salvação em Graça e Paz, mas os que em Graça e Paz se entregaram foram chamados hereges
Há alegria, mas endemonizaram o "dançar", amarraram os pés dos que dançam e os lançaram fora
Há um Deus que é Amor em Verdade, mas o chamaram de Belzebu

Há muita morte!

Mas não Nele.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

... EM PAZ


Procurei motivos que me fizessem chorar
Mas não encontrei lágrimas que pudesse derramar
E os motivos os quais encontrei não me deram senão alegria
Descobri que diante deles estou em Paz

Procurei uma música que me trouxesse a melancolia
Mas não encontrei minha alma disposta à dor
E a melancolia que encontrei não me trouxe outra coisa senão ternura
Descobri que diante dela estou em Paz

Procurei um poema que me trouxesse a nostalgia da saudade
Mas não encontrei em mim o desejo de olhar para trás
E a saudade que não encontrei não me trouxe outra coisa senão a leveza do presente
Descobri que diante dela estou em Paz

Procurei nos olhos de uma garota a vontade de amar
Mas não encontrei no meu ser razão de encontrar do lado de fora o que está do lado de dentro
E o amor que encontrei não trouxe vontade de começar, apenas de continuar amando
Descobri que amo a vida em Paz

Procurei mil razões para chorar um pouco
E a brisa me veio como um sopro de bondade
Trouxe Paz, e me reconciliou à ela quando ainda estava angustiado
Descobri que estou em Paz comigo mesmo, e com Deus

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

VOLTE PARA A VIDA


"Volte para a vida", este é o chamado de Deus para todos, todos mesmo. Esse é o único ministério dado a todos, o qual Deus chama a todos a ir por esse caminho que é a vida. Vida em abundância. Foi a vida que encheu os olhos de Deus e que arrancou dos seus lábios "Isso é muito bom". Sim, foi para a vida que fomos chamados da não existência para existirmos e vivermos. Isso porque o próprio Deus é Vida, e se estamos Nele não há outro lugar para estarmos senão no encontro diário com a vida Nele.

A consciência pagã, pelo contrário, impõe o "viver em Deus" e tornar-se "devoto" Dele. Assumir um estilo de vida perante Ele. Aí começam a ditar o que vestir, o que comer, o que beber, o que pensar, o que ler, o que ouvir, em que ramo trabalhar, os lugares a frequentar, com quem se relacionar, que desejos ter, que sonhos ter, enfim, ditadura divina, irônico isso não!? Tudo que vem desse pensar pagão de "uma vida em devoção a Deus" requer a negação da vida, justamente o contrário daquilo ao qual fomos chamados por Deus. Chamam isso de devoção, viver em adoração, ser de Deus, enfim, são dados vários e vários nomes a essa coisa institucionadora de formas de viver, que na maioria das vezes se baseia em pacotes comportamentais que parece produzir no indivíduo iniciado à seita, ou religião, um tipo de vida que todos olham e aparentemente o sujeito muda mesmo. Ele passa a assumir comportamentos estranhos aos que antes lhe eram seus, agora ele vive e anda segundo o pacote, segundo as regras, segundo a instituída maneira de ser e de viver, e chamam isso de devoção a Deus, chamam isso de "vida com Deus". "Viver em Deus" passa a ser uma vida segundo a lista das regras do que se pode e não fazer. Baseia -se no exteriótipo criado pelo paganismo religioso numa consciência infantil de que Deus está de olho em nós o tempo todo e ai daquele que vacilar. Deus acaba se passando por um ser mais insano do que o próprio ser humano pois sabendo o que se passa no coração do homem se deixa enganar pela aparência ainda que saiba mais do que o próprio enganador que o engano é mais profundo do que ele mesmo o vê e tenta disfarçar; Ele passa a ser mais do que nós, um ser de um sarcasmo indizível olhando lá de cima e esperando que alguém caia para que Ele a pise mais ainda pra dentro do abismo ao qual o caído se enfiou. Deus passa a ser um sádico que cria para a destruição, que dá a vida para a morte, que livra para o sofrimento ainda maior, que ama com todo o ódio, que abençõa com a maldição da Lei, que é bondosamente malígno, enfim, Deus se torna qualquer outra coisa que não Deus mesmo. E isso tudo pela consciência pagã que reina e habita a consciência humana. E todos esses pensamentos acerca desse Deus louco que criaram são silenciados com a cínica pretensão de que a "Palavra de Deus" diz que "a letra mata", isso significando todos que se entregam ao conhecimento seja ele qual for, todos os que se des-alienam do estado insano religioso-cultural-social que corre nas veias humanas, principalmente dos religiosos, e fazem isso com textos e pretextos bíblicos, bem do jeitinho do Diabo quando tentou Jesus. Ao estado de alienação chamo de estado de devoção, esse "viver em Deus" que nada mais é do que "viver segundo os interesses dos que usam o nome de Deus para satisfazerem a sí mesmos".

A instituição religiosa parte de pré-supostos horríveis tais como "ser o lugar onde se encontra Deus". Esse é o ponto de início onde se institui Deus, coloca-o numa garrafa no sentido de contê-lo dentro de um recipiente e partir daí começa os abusos sobre as almas das pessoas, sobre a fé ignorante dos que frequentam seus cultos, esses, apaixonados por Deus, fazem de tudo para agradá-lo, fazem tudo mesmo, se deixam castrar, amestrar, roubar, se deixam destruir e definhhar até aos ossos, tudo isso pensando estar agradando a Deus, quando o que estão fazendo é simplesmente contra o que Deus de fato se agrada, pois, é contra a Cruz que, sem saber, estão vivendo, contra o que Cristo fez, e é aí que o cair da Graça acontece, pois assim separam-se de Cristo. Assim não se prova Cristo como vida mas como morte; não se prova Cristo como salvação mas como condenação; não se prova Cristo como Paz mas como medo; não se prova Cristo como Amor mas como castigo; não se prova Cristo, mas potestades religiosas que dominam e exercem poder sobre as almas humanas, disfarçadas de devoção destroem a vida, roubam a Paz, e instituem o medo, instituem o ídolo com o nome "Deus" em quem não há Graça alguma, apenas condenação, juízo, controle, morte...!

E daí institui todo o resto: a vida, o ser, e tudo o que fizer parte desses. A instituição é uma ameaça, uma doença, pois ela mata, rouba e destrói.

Mas Cristo nunca quis essa devoção, esse "viver em adoração", essa institucionalização da vida. Cristo nos chama à liberdade de ser, de existir, de viver em alegria, paz, e amor. Deus não controla, mas abre os braços para que entrando ou saindo se encontra pastagem; Deus não domina, mas liberta para a vida, e vida em abundância; Deus não mata, mas entrega a sí mesmo para que tenham vida eterna, basta crer e caminhar; Deus não destrói, mas constrói veredas planas nos vales do coração e endireita as veredas das planícies do corações; Deus não é "Deus", por isso ele Ama como Amor, dá vida com a Vida, coloca Paz no lugar do medo, pois quem o conhece lança-se a Ele sem medo algum, pois, se prova o Amor que de fato é incodicional não somente em palavras mas em Verdade e Graça.

A instituição institucionou a vida pregando a morte, instituiu a religião renunciando a vida e a Vida.

Mas Deus nunca institucionou coisa alguma, a vida é o lugar onde se encotra Deus, o caminho se faz no Caminho interior do coração que encontrou Paz em Deus ao invés dos medos religiosos e agora faz seu caminho exterior segundo a Paz gerada do lado de dentro.

Deus nunca instituciona, ele livra, liberta, traz vida em abundância, de tal modo que diz para o pecador para ir e não pecar mais, nunca diz ao pecador para ele contruir um templo, exercer um ministério, e viver uma vida em devoção a Ele. Não, Ele diz "vá... Volte para a vida". Ele diz ao paralítico curado "vá, toma teu leito e anda", nada mais do que "Vá... volte para a vida... volte para a casa", nunca diz para ele construir agora uma instituição para cuidar de paralíticos. Ele diz à adúltera "Eu não te condeno... Vá... volte para a vida"; Diz à prostituta "vá... a tua fé te salvou... vá", nunca diz para ele ir resgatar as outras prostitutas.

Sim, Ele diz:

Vá e não construa para mim templos, pois, nem os céus podem me conter, no entando faço a minha morada no coração humano;

Vá e não viva em devoção a mim, pois, já me agrado do que você faz, me agrado da vida, está é a maior adoração a mim, não a negligencie, viva apenas como alguém que crê que meu perdão é incondicional e que meu Amor é imensurável, e que meus braços sempre estiveram abertos, vá e caminhe;

Vá e não tenha medo, pois não há mais condenação, a paz está estabelecida em Cristo, pois todos vocês estão reconciliados a mim por meio do meu Filho Amado;

Vá e não olhe para trás, pois, já me esqueci do seu passado e dos seus pecados já não me lembro mais, e não me lembrarei ainda depois;

Vá e prove de mim na vida, pois, sou Vida, Perdão, Amor, Paz e Reconciliação eterna;

Vá e não fique preocupado quanto à sua intimidade comigo, pois, em mim você existe, se move, e vive, apenas vá e viva, o mais eu me darei a revelar em você no caminho da vida, apenas ame a vida como um dom meu dado a você;

Vá e não volte, Eu estarei contigo onde quer que for, seja onde quer que esteja, na vida, no caminho, apenas vá.

Vá e viva, esse será o culto a mim, a vida, pois, foi para isso que os criei, para o dia do descanso, o dia da contemplação e deleite naquilo tudo em que criei, apenas vá e prove;

Vá... Volte para a vida.


Nele, que fez meu caminho no Caminho da Vida.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

NÃO SE PROVA DEUS DE UMA GARFADA SÓ


Sim, não da mesmo para provar da plenitude de Deus de uma vez só. Não suportaríamos. Dissolveríamos ao nada. Se um pouco de entendimento da Verdade traz dores pelas desconstruções que causam, imaginem conhecer toda a Verdade, o que aconteceria conosco?

Deus é assim. Não dá para provar de uma vez só. Passaríamos mau. Teríamos diarréia existencial. Coma mental, cardíaco, emocional... Deus em excesso faria mal. É por isso que ninguém prova mais do que Ele mesmo se da a revelar. Ninguém suportaria uma dose a mais.

Portanto, não se conhece a Deus por força da carne, mas se prova na simplicidade da vida, de tal maneira que é na vivência diária que vamos o conhecendo, sem correr nenhum risco de provarmos mais Dele do que possamos suportar. Não mesmo! Não adianta livros teológicos, filosóficos; não adianta campanhas, nem correntes, nem vigílias, nem qualquer outro meio de se jogar à presunção de discernir por sí mesmo o indiscernível. Podemos até construir muitas idéias acerca de Deus, mas Deus nunca caberá dentro delas, pois Deus não é uma idéia, um argumento, uma doutrina, um conceito, nada disso. Deus É, e isso basta.

Assim como é inexorável a vivência de um dia por vez sem a possibilidade de acelerar esse processo, assim provar a Deus na vida tem que ser um dia por vez, e que pensar estar provando e acelerando qualquer processo em conhecê-lo é mera aflição de espírito, do qual Cristo nos disse para não andarmos segundo esse espírito de ansiedade, pois, Ele mesmo tem cuidado de nós.

Embora seja, o chocolate, uma delícia, ninguém suportaria tomar 5 litros de uma vez só, outros não tomariam nem 500 mls sem sofrer de efeitos colaterais bem desagradáveis.

Deus é soboroso ao paladar da Vida, e por isso devemos nos alegrar em que Ele sabe o quanto podemos suportar Dele mesmo.

Nele, em quem cada dia é um dia de sabores indizíveis.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A VELHA INSEGURANÇA DA SEGURANÇA, E VICE-VERSA


Meu ser constantemente busca estar seguro, pés firmes ao chão, mente equilibrada, nada de euforia nem choros atoa, nada de extremos, esse é meu lugar seguro. Mas segurança é o lugar da insegurança, o lugar de onde não se sai para abraçar o desconhecido. Tenho a impressão de que meus traumas me fazem querer generalizar todas as coisas como se a vida tivesse uma regra cabal, é assim e pronto. O querer estar seguro me diz para não ir muito longe, pode ser perigoso; me diz para procurar entender antes de provar, é mais seguro assim; me leva a pensar sobre a vida pra depois viver, isso seria mais seguro, sim, se a vida fosse um conceito, se o amor tivesse uma definição, e se Deus pudesse ser mapeado. Assim tudo seria seguro, e no mínimo patético.

Patético me torno toda vez que busco os lugares onde não ofereça risco algum na vida. Nada de caminhos que não seja esse que acho que sei que é o verdadeiro, nada de uma vida fora dos padrões dos quais estou acostumado, nada de renovação da mente, e melhor ainda é manter a fé intacta, cosmovisão intacta, nada de coisas novas, é o lugar onde mora a segurança da insegurança.

E é nesse lugar onde caminho num lote de uma casa pensando ser a floresta Amazônica; onde penso estar certo sendo que nunca saí de fato para conhecer o mundo; onde penso ter uma excelente vida sendo que nunca saí para além dos muros que institucionaram minha "vidinha" que adquiriu uma forma ou fôrma, nunca experimentei, de fato, vida. É nesse lugar onde penso saber de um amontoado de coisas quando na verdade não conheço nada.

Li num livro do Rubem Alves que a palavra saber no latim tem o mesmo significado de sabor. E ele nos convida à reflexão de que saber é sabor, e sabor é saber, o que passar disso é mera especulação distante da verdade. Viver é experimentar seus sabores, conhecer a vida é provar de suas delícias (abro um parêntese para excluir todas as interpretaçoes de cunho moral). Quando então se falar do sabor de algo, a propriedade com a qual se fala demonstrará o conhecimento, pois se terá provado o sabor.

Na vida não há segurança alguma, não mesmo!

A familia que hoje é rica, pode empobrecer abruptamente amanhã; o marido que hoje não bebe, pode se tornar um alcóolatra amanhã; a esposa que hoje é fiel, pode abandonar amanhã; a saúde que hoje é implacável como a força de um leão, pode se tornar frágil como a força de um poodle amanhã; a vida que hoje prossegui livre de sombras, pode ter seu fim amanhã. Enfim, não há nada que nos possa dar segurança de coisa alguma.

De fato, não há recompensa para o homem que vive debaixo do Sol senão o beber, comer e se alegrar, essa é a sua recompensa nessa vida que vai contra qulquer sentido que tentemos dar a ela engarrafando-a para que pareça mais segura.

Seguir a simplicidade sem buscar enfado para a alma; fazer o que está em suas mãos com toda a força que puder; não deixar-se enganar pelos loiros da fama, do status. Todas essas coisas trazem canseira à alma e enfado para o corpo, são apenas vaidades, diria Salomão.

Desejo identificar todas as minhas seguranças para simplismente abrir mão de cada uma delas, e ir ao encontro do desconhecido, pois, desconhecido é a vida, o amor, e Deus. Sentir seus sabores é de uma necessidade indizível, para mim ao menos.

Nele, em quem conhecer é provar o seu sabor, pois, não há nada que o comprove como sendo "bom" se de fato não for provado.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O RESGATE DO SOLDADO RYAN E O DE TODOS NÓS



A cruz se tornou o maior peso de todos. Parece que na história não houve maior carga imposta sobre os ombros dos humanos quanto à carga de se carregar a cruz, sendo que o significado de carregar a cruz se tornou um tipo de “gratidão-obrigatória”, como se o “não agradecer”, seja lá de que forma for, a Deus pela morte de Cristo, e isso significa se empenhar para viver devotadamente a Ele de modo que isso se FAÇA GRATIDÃO pelo que Ele fez, que essa devoção se torne em um modo de devolução ao que Ele fez por mim, então, não se entregar a essa “gratidão” seria o “não ser” de fato “grato”. É como que se a morte de Cristo me fizesse ser inevitavelmente alguém entregue a esse “fazer por gratidão”, o que só mascara as coisas, mas se torna semelhante ou mais pesado do que o “cumprir a Lei” para ser por meio dela salvo. Portanto, os termos que costumo ouvir, tais como “viver uma vida em gratidão a Deus”, “viver em adoração pelo que Ele fez”, “entregar-me a Ele porque Ele me comprou por um alto preço e agora sou Dele”... Me cheiram coisas do tipo “me tornar um esquizofrênico que se hipnotizou com a cena da cruz e que não conseguiu transcender a ela”. Foi, olhou, congelou, e ficou, e assim passa a vida toda sem sair dali, olhando pra Jesus, só que pendurado ainda, e todo ensangüentado, dilacerado.

A cena é pesada de fato, mas o que é mais pesado do que a cena é a mensagem que costumamos ouvir de que, se Cristo morreu por nós de tal forma, então devemos FAZER POR MERECER nos subjugando a sessões e sessões de auto-flagelamento seja ele físico, mental ou periódico (usei esse termo para referir-me àqueles que doam o seu tempo como sacrifício), e isso tudo pela consciência de que temos que ser devotos a Cristo porque o que ele fez não pode se tornar EM VÃO (e isso carregado do sentido que se não reafirmarmos Cristo em nós mesmos sempre sendo estereotipada-mente como ele, e isso sendo manifestado de forma a se criar um ser estranho que não a gente mesmo, vivendo no limbo da opressão vinda da cruz que nos foi imposta, então, se não me entrego à vida com Deus de tal forma serei eu culpado de ter feito da cruz de Cristo uma inutilidade). Mas a cruz nos assusta. Quem poderia compreender tal feito? De Graça? Na verdade, que Graça há naquela cena? Um ser que, por mais que seja Deus em carne, sendo humano é crucificado pelo mundo, isso é assustador. Por isso aquela cena não pode carregar significado algum se não carregar consigo o Espírito que de Deus insurge, o amor do Pai, mas, devo voltar ao assunto: a cena da cruz.

Estamos sempre renunciando a vida por amor a Cristo (e esse amor a Cristo implica em instituir um tipo de vida em plena “devoção” a Ele), renunciamos tudo aquilo para o qual Ele nos chamou, para festejar a vida que há em nós em Graça e Verdade.

O uso da cena do filme “O resgate do soldado Ryan” representou muito bem essa “renúncia à vida” ou mesmo essa paralisia perante a cena da crucificação. O filme mostra um resgate que racionalmente não teria valido a pena pela quantidade de mortes causadas no resgate do tal Ryan. E o protagonista do filme declara todas essas coisas no final dizendo que nem mesmo a alegria da mãe do jovem seria recompensadora devido à morte de tantos outros soldados que pertenciam, assim como o Ryan, a outras famílias. Mas o ponto chave é o que o comandante do exército diz ao Ryan pouco antes de morrer. Com aquele ar de árdua guerra e alto preço pago com outras vidas para resgatar simplesmente o tal do Ryan ele diz ao jovem: FAÇA POR MERECER. E o jovem se congela naquela fala, como disse, ele se fixa naquilo que o comandante disse. Então o protagonista diz que ele continuou servindo o exército, supostamente pelo peso dos ecos daquela frase “FAÇA POR MERECER”.

E então, aquele resgate que era pra resultar numa dádiva e numa segunda chance para que aquele jovem pudesse viver normalmente, se transformou, por causa daquela consciência que lhe foi imposta do “fazer por merecer”, na morte cotidiana do jovem resgatado, pois se fixou em seu coração que ele teria que FAZER POR MERECER e que a renúncia da sua vida lá fora, longe daqueles campos e climas de guerra, enfim, uma vida para o qual foi resgatado, deveria se tornar em GRATIDÃO-CULPOSA, pois cada dia ali confinado nos batalhões onde viveu por muito tempo ainda era o preço que ele mesmo estava pagando pela vida de cada um que morreu para resgatá-lo. Sendo assim, o jovem faz da morte de todos os que em favor dele morreram uma inutilidade, era resgate para a vida não para a morte, antes o Ryan ter morrido ainda jovem, assim não se teria tido os prejuízos do resgate. E é aqui que entra então a consciência da “CRUZ QUE SE TORNA NEGAÇÃO DA CRUZ”. Cristo morreu de uma vez por todas e por todos, e essa morte realiza o fim para o qual se convergi todas as coisas e é plena de realização de modo a se tornar suficiente, e o que é suficiente não carece de acréscimo algum, seja de quem for.

O “Está consumado” (declarado na cruz por Jesus) realiza em si todas as necessidades salvíficas, redentoras, justificadoras e santificadoras, realiza toda a justiça de Deus e abri o caminho eterno para o acesso ao Pai dado gratuitamente por meio do Filho mediante a fé. Simplesmente por Graça. Nunca ecoou daquela cruz a frase “FAÇA POR MERECER” mas sim o “ESTÁ FEITO”, e isso por quem nunca mereceu, não merece e nunca irá merecer, e o maior insulto à morte de Cristo é o “FAZER POR MERECER” pois, assim se faz da cruz uma não necessidade, uma manifestação vã, inútil. É então assumindo essa cruz de “FAZER POR MERECER”, o que é literalmente uma cruz e sem dúvidas a mais pesada de todas, pois, nega-se a cruz de Cristo vivendo em função de pagar por ela; nega-se a liberdade para a vida morrendo cada dia na paranóia de olhar para o “Cristo pendurado no madeiro” e não transcender dali; nega-se o chamado para a vida num confinamento culposo que gera apenas a morte; e Paulo diria “separados estais de Cristo, caíram da Graça”. O “FAZER POR MERECER” não é outra coisa senão a negação da cruz de Cristo.

Mas o que ainda quero acrescentar é que a morte de Cristo é um chamado para a vida e não à neurose de viver com os olhos fixos na cena da crucificação e morrer ali mesmo, e isso porque Cristo ressuscitou, pois, se Cristo não ressurgiu dentre os mortos já não nos restaria esperança alguma. Mas ele morreu e ressuscitou e trouxe consigo as chaves da morte e do inferno. Portanto a chave da morte está nas mãos de quem é a Vida; a chave do inferno está nas mãos de um libertador, salvador, redentor, justificador...; a cruz entra não só na história terrestre mas atingi a todas as dimensões conhecidas e desconhecidas por nós humanos; ela traz vida dentre os mortos, dentre os que estão vivos, e dentre os que ainda não nasceram, de modo que até o inferno não ficou fora dessa. Assumir essa cruz de “FAZER POR MERECER” é assumir uma “CRUZ QUE SE TORNA NEGAÇÃO DA CRUZ DE CRISTO”. Se nega o perdão incondicional de todos os meu erros e falhas, pecados, transgressões já cometidos e que irão ainda se consumar, e nisso corro o risco de ficar com medo de viver, de errar, de não ser “perfeito”, de não me enganar, pois essa consciência não se encharcou do perdão do Pai celestial;

se nega a justiça imputada a mim obrigando-me a viver no desespero existencial de ter que me justificar perante o Pai, e ainda corro o risco de sair por aí exercendo juízo sobre os outros pela presunção da justiça própria conquistada por mim, o que é falácia diabólica, e assim, passo a ver a vida como algo que está contra mim ao invés da consciência de que ela nem está contra nem a favor, a vida é apenas para se viver, nada mais; se nega a redenção já consumada fazendo com que eu me aproprie de meios para fazer propiciação pelos meus pecados e ainda corro o risco inevitável de “renunciar à vida” por medo da condenação divina, corro o risco de chegar lá na frente cheio de amarguras e insatisfações por não ter vivido; nega-se também o viver em paz sem a paranóia de querer salvar o mundo, sem esse peso de ter que ser a boca de Deus na terra, afinal, Ele mesmo foi quem criou a boca, os sons que dela emitem, portanto, ele sabe se comunicar bem com tudo e todos, e corro o risco de, infelizmente, ser um desses missionários que só estão lá por “FAZER POR MERECER”, pastores que estão “PAGANDO O PREÇO”, “ministros de louvor” que estão “VIVENDO UMA VIDA DEVOTADA A DEUS, FAZENDO POR MERECER”, enfim, pessoas que estão ganhando o mundo inteiro, e como diria Gondim, “perdendo os afetos do cônjuge, os sentimentos dos filhos e dos amigos, a auto-estima, o sorriso, a capacidade de amar a poesia e de cantar canções de ninar, enfim, perdendo a alma”.

E o que entendo como “o viver” é justamente ir pelo caminho e se arriscar se for preciso, errar, chorar, alegrar-se, vencer, e tudo isso sem culpas e suas implicações. Creio que apenas com o perdão se é possível assumir a consciência de que não somos perfeitos e faremos muitas coisas das quais não iremos querer; só com a consciência de que Deus trata com amor todas as minhas feridas e o remédio é o seu perdão incondicional, é que posso então dar-me a chance de vencer ou perder, de rir ou de chorar, de entristecer ou me alegrar, de ser perdoado ou de perdoar, de amar e ser amado, pois é assim que Deus trata conosco na vida, na existência, com amor e perdão e reconciliação eternamente consumada, portanto, Ele já me aceitou, já está em paz comigo. Seja quem for que eu seja, pra Deus eu sou aquele por quem Ele entregaria todas as coisas, e gratuitamente, pois entregou o seu próprio filho.
Para Jesus o negar a si mesmo não implicou em morte de nada que é vida, mas apenas na morte de tudo o que mata

NELE, EM QUEM NEGANDO-SE A CRUZ NEGA-SE A VIDA, E O QUE HÁ DE MAIS IMPORTANTE NA VIDA DO QUE VIVER? ESSE É O CHAMADO DE CRISTO: A VIDA EM VERDADE NO CAMINHO QUE É ELE MESMO. AMÉM!

MEU AMIGO, ALGUMA COISA ESTÁ MUDANDO

Alguma coisa está mudando meu amigo E não sei bem o que é Mas se lembra quando tudo apenas se repetia Então mudanças já são boas...