terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PRESENTE AUSENTE DESPEDIDA

 

Sua-ausencia

 

Incrível a presença que me causas

É só assim que consigo pensar tua ausência

Vejo-te em cada cena

Como era quando estavas em cada delas

Dispo-me de todo orgulho

Do dizer “não era tão assim”

Dispo-me, exponho-me à minha nudez

Na transparência de mim mesmo

Vejo-te atravessando meus mundos

Significando-os

Teus olhares

Aqueles que não gostava

E só os passei a amar quando vi neles que vistes a si mesma amada

Via teus olhos mendigando amor

E fui o mais fundo, e vou...

Esmago-me nessa visão

Até que ela me humilhe

Posto que mendigas aquilo que dás generosamente

Teus olhares me doem

Revelam-me quem sou

Alvo de um amor sincero

Doce, delicado

Um amor em direção a um coração duro

Amargo, que nem sequer amor sabe doar

Sou quem dela se sente amado

Amado como ninguém

Sem desdém

Assim como sou

Que me aceita e me ensina

Que sendo pobre, cego e nu

Dá-me uma riqueza ímpar

Derramas em mim um tesouro

Sendo eu um vazo de lama

Enganas-me quando assim me olhas

Não estás a provar teu amor por mim

Estás a provar o quanto não sei sobre o amor

Teus olhos me atravessam a alma

E não sou eu quem os vejo

São eles que me olham

E sua tristeza é a de enxergar para além

Além do que em meus olhos de fato há

Apenas um longo e indeterminado vazio

Então plantas uma semente

Mas antes, só mesmo o teu amor,

Pode ver alguma terra em que possas cultivar

Só o teu amor pode crer em algo mesmo dentro do nada

Em que possas encontrar uma alma, um espírito

Ou apenas um coração de carne ao invés de pedra

Mas sabes que não tenho coração, sou pedra

E não deixas de acreditar

Sei falar do amor enquanto estás a me amar

Tão perto e distante, entre o que digo

E o que continuamente estás a me mostrar

Tuas palavras ecoam em silêncio

Em gestos e tudo, tudo e sempre mais um pouco

Quando penso haver terminado

Vais um pouco mais além, e mais além um pouco

Mostras me o infinito disso tudo

Desse mundo que conhecestes e queres me apresentar

E apresentas

Ah! Como me humilha o teu próprio coração!

E não é incoerência

É tua ausência que me faz enxergar

A falta que tua presença me faz

Essa do meu eu quando diante de ti está

Um eu inventado, criado, imaginado

Por ti, é claro!

Invenção tua, criação tua, imaginação tua

Sinto-me uma folha em branco

Onde brincas com teus encantos

Com lápis e cores tantos

E teu espírito tão criança

Rasga esse papel em que tu ti lanças

Em letras e rabiscos

Sem lógica nem traços definidos

Inventa-me

E gosto

Gosto de mim

Gosto do que fizestes

Obra de arte

Somente tua

Somente tua

 

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